sábado, 24 de setembro de 2011

Florações do Brasil




Em passeio pela net, fico sabendo que a flor "Bastão do Imperador" é uma flor tropical do Nordeste do Brasil. "Gengibre-tocha", "Flor da Redenção" são outros nomes populares para a "Etlingera Elatior" ou "Alpinia speciosa Schum", que chega a alcançar o porte de 4 metros. Flor de corte, muita utilizada para ornamentações. Noutros registros, aponta-se a sua origem na Indonésia e faz-se referências sobre a importância de seu óleo para a cura de movimentos de vítimas de AVC. Você sabe mais alguma coisa sobre essa lindona?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Nosso lar"

Em meio à busca de cenários propícios às representações do ritual de passagem da vida na terra para a vida pós-morte, por um umbral circundado de referências dos reinos mineral, vegetal e animal, a arquitetura e as engenharias nomeadas como uma habilidade única são retratos de anunciação de mega estruturas espaciais já conhecidas entre nós.

Em Nosso Lar, o filme, esses cenários constituem um presente "avisado" a ocorrer na terra, através de mãos de "engenheiros" programados para encarnar brevemente.

Incursões arquitetônicas desportivas em todo mundo, sedes de jogos das copas e/ou olimpíadas mundiais) já anteciparam o futuro espacial anunciado pelo filme.

Um modelo de cidade, cujo desenho dá inclusive capa ao filme, gera a identidade paisagística e resguarda a organização espacial que dá vez a um sistema hierarquizado de gestão da vida pós-morte através de uma surpreendentemente única governadoria e de seus ministérios.

Certamente que a arquitetura moderna deu esteio às elucubrações espaciais e funcionais da cidade ideal ali figuradas.

Em meio à antecipação do futuro dessa arquitetura conhecida contrastam cenários que enveredam por interiores de edificações robustas assemelhadas às medievais.

Sem conseguir representar imagens consentâneas a um desconhecido da vida além terra, Nosso Lar reabre e alimenta, com simplicidade, corações humanos e mentes visionárias utópicas que apostam suas fichas na possibilidade de construção de sociedades em que a generosidade, o altruísmo e a delicadeza cerquem a busca pessoal por melhores modos de viver a vida e com a vida.

Nosso Lar foi lançado em setembro de 2009. Visitando http://www.nossolarofilme.com.br uma ferramenta possibilita a leitura do sistema espacial da cidade hierarquizada.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Oh, Deus, salve a Paraíba!

(Aos destinatários da mensagem "Ricardo Coutinho Consagra João Pessoa a Satanás" veiculada na internet, neste instante meus destinatários).

A condução dos destinos da Paraíba está por vir no próximo dia 31/10/2010 e ela depende de todos nós. Sabemos discenir que o significado do empenho individual para a definição do voto não está apenas na hora da urna; tanto que é patente a intenção do/da emissário/a desta comunicação no convencimento de outras pessoas a quem se esforça em fazer acreditar no que não é o melhor para nossa Paraíba.

Não sei se o endereço emitente corresponde a uma pessoa de bem que faz política com nome, identidade e cpf. Contudo é muito clara a sua "contribuição" no sentido do desvirtuamento do debate necessário sobre o desenvolvimento da Paraíba, no sentido de cacifar-se em nome de uma instituição paraibana de ensino superior, no sentido da maculação da imagem do ex-prefeito e candidato a governador da Paraíba Ricardo Vieira Coutinho.

A conjuntura do segundo turno do pleito eleitoral de 2010 na Paraíba, mais que nunca, exige lucidez e prudência na hora de votar e não puramente pautas subjetivas, que não deixam de ser importantes mas que devem ser balizados pelo emprego da razão e da ciência. Exige sobretudo de pessoas que tiveram acesso às universidades seu compromisso com o auto-esclarecimento e o esclarecimento alheio, no sentido de avaliações baseadas em história de vida dos candidatos ao governo e em indicadores do desenvolvimento ambiental, sócio-cultural e econômico da Paraíba nos últimos anos sob as suas respectivas gestões.

Lamentavelmente, vê-se que a mensagem abaixo se apóia em um nível de completa desinformação sobre a relação política e desenvolvimento; muito pobremente sobre as manifestações artísticas, suas relações com a história expressando leituras de realidades sociais contemporâneas; e, sobretudo, assentada em visões anacrônicas e herméticas sobre o direito de livre escolha religiosa do povo brasileiro, o que é assegurada constitucionalmente pela Carta Magna do país e a ser garantida por governos democráticos.

Como prefeito da capital da Paraíba, Ricardo Vieira Coutinho garantiu o direito de expressão e a benção da gestão municipal por todas as religiões, em respeito à multiplicidade de credos que representa a diversidade social, na defesa de rituais ecumênicos acolhedores da crença de todas as pessoas e não somente daquela que conforma o conforto pessoal do gestor eleito para representar e governar a sociedade. Nos edifícios municipais, lá ele encontrou, inclusive, espaços físicos destinados exclusivamente a cultos da religião católica; na qual se formou, por exemplo, a minha família.

Conheço e respeito muito várias pessoas na foto intitulada "Ricardo Coutinho num terreiro de macumba". Testemunhei várias solenidades oficiais da PMJP, cujas bençãos foram garantidas por padres, pastores, mestres espíritas, pais e mães de religiões de origem africana. Vi a sua convivência pacífica e ordeira em todos os atos oficiais que testemunhei e agradeci a meu Deus, a santa Mãe Natureza, pela graça dessa experiência pessoal.

Conheço também as obras que, finalmente, se avolumam nos espaços públicos da capital agregando valor à paisagem urbana pessoense, concretizadas por meio de editais públicos de seleção, de iniciativa da Prefeitura Municipal de João Pessoa na gestão de Ricardo Coutinho e continuada na gestão do atual prefeito arquiteto e professor de Arquitetura Luciano Agra.

Ajuizadas por corpo de representantes de instituições como a Universidade Federal da Paraíba, o Instituto de Arquitetos do Brasil na Paraíba - instituição cultural de organização dos arquitetos brasileiros com 89 anos de fundação cuja bandeira por concursos públicos para obras públicas de arte e arquitetura faz história -, no ato representado pelo arquiteto e professor Marco Suassuna, a Fundação Cultural de João Pessoa, representanda pela educadora Fernanda Svendsen, a Secretaria de Planejamento da PMJP, representada pelo arquiteto e artista plástico Sóter Carreiro, e dois representantes da arte e da cultura contemporânea: o escritor e ator Waldemar Solha e o artista plástico Flávio Tavares.

Questionável, portanto, o juízo oficial que escolheu as obras dos artistas paraibanos? É o que garante a democracia brasileira. É defensável e valiosa a livre manifestação sobre as realizações públicas. Mais ainda quando carregadas de intenções que apostem no confronto de ideias que alimentem a sociedade com debates saudáveis, não respaldados por conceitos que se antecipam ao esclarecimento e apostam em visões reducionistas da diversa realidade social, buscando senão outra coisa que macular a boa fé de nossa gente.

Imagino que também a FACISA - Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento - de Campina Grande, e não somente o candidato ao Governo da Paraíba, Ricardo Coutinho, experiente gestor público representante da coligação "Por uma nova Paraíba", maestro de uma grande guinada na mentalidade política dos paraibanos, esteja igualmente sendo vítima de opiniões públicas descréditas que lutam contra o desenvolvimento da civilidade na Paraíba, contra a conquista de gestões públicas democráticas e participativas e contra a urgente reforma do sistema político-eleitoral do Brasil.

Talvez estejamos imersos em uma crise brasileira sem precedentes, eventual rescaldo de nossa adolescente experiência democrática pós-obscuridade dos anos de chumbo de que egressou a história social brasileira há 22 anos: a crise da recusa ao pensamento ativo, a crise do embotamento da lógica racional, a crise do engessamento mental da atitude de parte da sociedade brasileira.

É para construir o desenvolvimento coletivo que as profissões foram e são inventadas pela sociedade. Não simplesmente para atingir-se as metas de um curso de nível superior, na maioria das vezes custeado por dinheiro público, um casamento, uma família e viver "felizes para sempre", e alienados do papel social que compete a cada pessoa, privilegiadamente esclarecida pelo acesso a estudo e a informação, o que tanto compromete a erradicação da miséria em que vive parte da humanidade.

Felizmente, o primeiro turno das eleições paraibanas já demonstrou que há uma maioria social na Paraíba que deseja mudança!

E é essa maioria que luta pelo desenvolvimento de nossas instituições públicas, que luta em defesa da civilidade presente, que luta pela conquista de gestões democráticas e participativas, que luta pela urgente reforma do sistema político-eleitoral do Brasil que precisa vigorar no segundo turno da eleições na Paraíba!

Oxalá, com a fé e a benção de todas as religiões!

Rossana Honorato
Arquiteta e professora de Arquitetura da UFPB

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De: Arquitetos Campina Grande
Assunto: FW: VAMOS SABER VOTAR PESSOAL!!!!! GRANDES ARQUITETOS

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From: facisa_arquitetura@hotmail.com
Date: Fri, 8 Oct 2010 21:10:08 +0300
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Ricardo Coutinho Consagra João Pessoa a Satanás

Já dizia Maquiavel que cada povo tem o governo que merece, no sistema democrático. Contudo, não acredito que a Paraíba possa merecer ter a frente do seu Governo um...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Daqui a pouco, começa no Clube Cabo Branco a Convenção do Partido Socialista Brasileiro que tornará o ex-prefeito e militante histórico dos movimentos sociais da Paraíba, Ricardo Coutinho, candidadto ao Governo da Paraíba no Mandato 2011-2014.

Eu, Rossana Honorato, pela primeira vez em minha história de vida, serei apresentada pelo PSB como candidata a uma vaga para representar a Paraíba na Câmara Federal porque desejo e luto, todo dia, para que a Paraíba, o Brasil, a Mãe Terra e seus filhos construa uma vida melhor de se viver. Estou determinada e feliz, porque quero que a gente, junta, caminhe em busca da felicidade! Uma felicidade que não vê o dinheiro como uma riqueza acima daquela que somente o trabalho com prazer e a vontade de fazer o bem pode gerar.

Torço pra ver vocês por lá! De laranja&branco. De verde&branco. De roxo&branco. De amarelo&branco. De vermelho&branco...

NÓS SOMOS UM! E A VIDA A GENTE CONSTRÓI TODO DIA.

Um forte abraço! Minha gratidão à confiança da gente estimuladora.

Rossana Honorato, toda ouvidos, oxalá com sua vigília!

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Passo a passo com RC

Rossana Honorato

Os anos eram os 80. Um hábito era caminhar à beira-mar do Cabo Branco, não importava a hora do dia. Eram cruzamentos esporádicos. As paradas para um rápido alô se faziam através de uma amizade comum, o amigo Mourão, hoje biólogo, doutor em Zoologia, professor da Universidade Estadual da Paraíba em Campina Grande. À distância, a gente via e já sabia quem vinha adiante, o perfil longilíneo e branquíssimo mais a frente a encontrar.

Já em 1982 o cenário era uma plenária no hotel Tambaú. O “Movimento em defesa da orla” redigia a “Carta de Tambaú”. De texto original à mão e caneta em punho, ia-se ajustando as adequações necessárias ao olhar plural dos segmentos sociais ali presentes. Era meu primeiro contato direto com a professora, ambientalista e ex-vereadora Paula Frassinete, que já avistara vez ou outra de bandeira verde em punho no meio da rua.

A lembrança se funde noutro cenário: Universidade Federal da Paraíba, Praça da Alegria do CCHLA ou Centro de Vivência, onde encontros e plenárias estudantis eram rotineiros.

Uma lauda e meia não é tamanho para fazer uma retrospectiva de como a vida reuniu a gente. A idéia surgiu em trocas no twitter. Lá, a gente se perguntava se ele, o ex-prefeito de João Pessoa por dois mandatos, o ex-deputado estadual da Paraíba por duas eleições, o duas vezes vereador de João Pessoa, sua história política e sua vida de habitante do bairro de Jaguaribe ainda não tinha gerado nenhuma biografia...

Na UFPB o movimento estudantil fervia. Ainda ressabiada com o trágico período da ditadura, a nova juventude brasileira, de língua solta, apreendia a vida sem amarras que o momento começava a permitir, ainda que premido pelas velhas práticas que tentavam manter a história vigiada.

Eu era estudante de Arquitetura e Urbanismo. Tinha lá meus 20 anos e coordenava a reativação do Centro Acadêmico de AU, junto a vários colegas, entre os quais Marco Coutinho. Por isso, terminei integrando o Comando Geral de Mobilização da invasão do gabinete do reitor Jackson Carvalho. Representava o Centro de Tecnologia por indicação do ex-vereador e ex-deputado federal do PT, e hoje PSOL, Avenzoar Arruda, então aluno de Engenharia Civil e ex-presidente do Diretório Central dos Estudantes.

Na Arquitetura, a gente cobrava qualidade da formação profissional e participação discente nas decisões que revisavam a estrutura curricular. A questão central que motivou a invasão do gabinete do reitor estava pautada, sobretudo, na luta pela reabertura do serviço do restaurante universitário, ação amplamente coberta pelos jornais da época em meados dos anos 80 do século 20.

Era comum avistar Ricardo nesses ambientes. Lá, também, a gente acompanhava a greve de fome dos estudantes pela gratuidade das refeições do RU. Coisa que levou gente como Wilma Cazé, Wagner Spagnul e dois Chico, o Viola e o César, entre outras pessoas que me foge à lembrança, a acampar no Centro de Vivência e dar-se a essa ação.

Foi no início dessa década que o PT foi criado na Paraíba. Eu apenas acompanhava, simpatizante como era chamada a gente não filiada. Assim me acostumei a estar presente em quase todas as suas agendas importantes de rua.

A memória salta para a década de 90. Era ocasião em que RC já estava envolvido com a política parlamentar, já houvera sido candidato. Aí, já éramos convivas e começávamos a interagir em diversos fóruns e nas boas folias de rua da vida.

Lembro também das audiências que acompanharam a redação final do texto oficial do projeto da Lei Complementar nº 02, finalmente publicada em dezembro de 1992, último ato do prefeito Francisco Franca. Lá, a gente se via de repente com a companheirada da luta por moradia e por reforma urbana, na cobertura do Litoral Hotel, para o lançamento do Plano Diretor. Àquela data, o Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de João Pessoa já lançaria os principais instrumentos da política urbana federal constituída somente em 2001, através da lei nacional nº 10.257, denominada Estatuto da Cidade.

Ricardo era o vereador da gente. Eu militava na reforma urbana e pelas bandeiras da política profissional da categoria dos arquitetos e das urbanistas, que, entre outras coisas, queria bradar nos 04 cantos do Brasil: arquitetura também é cultura!

O Instituto de Arquitetos do Brasil é a organização profissional mais sólida da categoria. Fundado em 1921, esteve presente nas principais lutas pela soberania nacional no século 20, sobretudo no período em que dava esteio a sindicatos e organizações impedidos de reunir-se publicamente.

Aqui na Paraíba, ele nasceu em 1980, mas passou o período de 1989-1993 fechado. Eu e o colega Marco Antônio Coutinho e um conjunto de jovens e antecessoras lideranças da política profissional na Paraíba retomava a intenção de reabilitar o Departamento da Paraíba. Foi o que a gente fez. Eu fui eleita presidente do IAB-PB e Marco Coutinho e outros colegas a forte diretoria que aprumou a entidade até a conquista da bela sede no Largo de São Frei Pedro Gonsalves no Varadouro.

Entra 1993 e lá estava a gente novamente, onde hoje é o Centro de Capacitação dos Professores da PMJP. A Assembléia convocada pela Prefeitura de João Pessoa tinha de eleger três representações das entidades profissionais do recém-criado Conselho de Desenvolvimento Urbano. Compareci na última hora, alertada pelo chamado do vereador Ricardo Coutinho. A sua ação determinada e sua credibilidade foram suficientes para que ele me apresentasse à assembléia e sufragasse o meu nome como uma das representações a integrar a gestão pioneira do CDU.

Dois projetos de lei, entre outros, foram diretamente importantes para o interesse da Arquitetura e do Urbanismo em João Pessoa e na Paraíba. Construídos junto com o vereador RC, uma lei descriminava o concurso público para obras públicas acima de mil metros quadrados; a outra lei dizia que qualquer edificação de médio porte só receberia a carta municipal de “Habite-se” se apresentasse uma obra de porte e significado para deferir a produção local no cenário das artes plásticas da Paraíba.

De outro momento, extraordinário, eu também tive o prazer de participar. A elaboração – a redação coletiva – da Lei Viva Cultura. Instrumento de representação e marco fundador de um novo fazer político na Paraíba e de consagração definitiva da intrínseca relação da trajetória política de Ricardo Coutinho com o meio cultural. Artistas, arquitetas, produtores de cultura se viram refletidos e referendados no “Mandato de todas as lutas”. Lei que se desenvolveu e hoje constitui essencialmente o Fundo Municipal de Cultura da PMJP, como é legítimo e saudável que aconteça com as leis que, aplicadas, ganham longevidade e sustentação como política pública.

De lá pra cá, uma sucessão de outras parcerias, ações conjuntas e muita comunhão na caminhada política de Ricardo Coutinho se firmou. Eram freqüentes os círculos para discutir as ações de seus mandatos que terminaram ganhando a denominação de “Coletivo Ricardo Coutinho”. Do Coletivo passei a integrar a sua assessoria formal a partir da gestão da assembléia Legislativa do Estado.

De 1995 a 99, eu investi paralelamente no curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciência Sociais e, sem que fosse meio de compensação, a presença de Ricardo Coutinho e de Paula Frassinete entre o rol de meus entrevistados em minha pesquisa de campo tornou-se motivo de enfrentamento diante dos rígidos critérios acadêmicos. Em minha cabeça, a relação vital e fluida entre academia e realidade estava prenhe de convicção. Defendi científica e politicamente a permanência de seus nomes entre os formadores de opinião que me ajudariam essencialmente a escrever os livros “A cidade entrevista” e “Se essa cidade fosse minha...”, publicados em 1999 pela Editora Universitária da UFPB. Outro saldo da Lei Viva Cultura, após a seleção pública para o incentivo cultural que lhe possibilitou a realização.

Em 2000, ainda na assessoria do deputado estadual, a gente tomou a iniciativa de organizar, eu, Sandra Marrocos hoje vereadora, e outros companheiros, a festa “RC2000 faz 40”. O nome era uma invenção espontânea sem qualquer lapidação que terminou pegando. A celebração dos 40 anos de RC bombou na recém-inaugurada boate Intoca do Centro Histórico de João Pessoa. E a gente ainda era 13.

De 2004 pra cá o desafio alcançou outra envergadura. A batalha mirou o Executivo Municipal. Eu integrava a equipe que construía o plano de governo através de seminários denominados “Cidade aberta”. Quando fui atropelada pela forçosa ausência de um mês, para mergulhar em livros e conquistar, pela terceira e última vez, êxito no concurso público que me vinculou definitivamente ao quadro docente da Universidade Federal da Paraíba. O regozijo da vitória apontava à seguinte que viria: era hora de mudar a cara de João Pessoa. Felicidade coletiva imensurável! Ricardo Coutinho prefeito! 74% de aprovação no primeiro turno das eleições de 2004.

De 2004 pra cá, a história está fresquinha. O maestro regeu uma orquestra de muitos sonhos. Sonhos que a gente sonhou junto e que viraram realidade que agora sonha com uma Paraíba também de cara nova.

E um novo desafio está posto: organizar a festa RC2.000e10 faz 40+10! Já-já é hora! Porque de desafios após desafios se fez essa história! Facilidade zero, muita luta e vitória. Das vitórias, as realizações!

Simbora, acordar a Paraíba, gente? Ela também merece outra história.

domingo, 30 de maio de 2010

Voltando-se para dentro

Rossana Honorato

Na experiência administrativa de João Pessoa, como ouvidora geral e coordenadora de implantação de um sistema de ouvidoria, impôs-se a necessária revisão de vários conceitos e paradigmas da ordem pública.

Surgiram denúncias de “infidelidade” ao projeto político de governo ou de uso do ambiente de trabalho para atividades políticas; estas, organizadas por agentes dele, a favor ou desfavor. De visões idênticas, uma ou outra podia ser caracterizada também pelo conceito de “perseguição política”; era só estar no lado oposto à outra.
O senso comum incorpora essas ideias recorrentes sobre as administrações públicas como “perseguição política”, caracterizada pelo desligamento temporário ou sumário de pessoas, seja através da suspensão de contratos de prestação de serviço, destituição de funções comissionadas “de confiança” e, principalmente, uso de retaliação por transferência de ocupação e mesmo de ambiente de trabalho dirigido a pessoas com vinculação estável.
Essas ocorrências levaram a pensar sobre o compromisso de uma gestão governamental com o projeto político definido pelo voto direto da sociedade como o modelo a ser implantado e praticado na duração de um mandato. Receita prescrita no programa de governo da candidatura eleita.
Está claro que resistências haverão de haver, e isso é bem saudável; sobretudo em instantes como o que vive o governo estadual na Paraíba sob o alvo de questões sobre sua legitimidade. Se há algo com que se concorde no processo de uma Paraíba recente que teve seu governo cassado é que novas eleições deveriam ter de havido para garantir a necessária legitimidade e responsabilidade para com a administração do desenvolvimento sustentável do Estado.
Certamente, há de faltar neutralidade nesta abordagem. Falta isenção e decerto sempre faltará a quem se disponha a uma análise. A reflexão é própria de um conjunto de circunstâncias e experiências que constrói o pensamento. Já cria nisso desde a vivência de pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba, no curso de projetos de investigação de objetos históricos, teóricos ou empíricos.
Na Ouvidoria Municipal, ainda que eivada de contaminação política, o tratamento buscava ser equânime e jamais pré-conceituoso. Se faltava à condição de inserção na função a autonomia inerente a uma ouvidora pública, era no exercício da auto-vigília que a gente buscava sustentar-se para a tarefa responsável e responsiva de modelação e gestão do novo órgão.
A experiência trouxe uma vitalidade pessoal à condição política, porque com ela uma disposição a mais se acresceu ao desejo de apreender a natureza humana, a da outra pessoa e a da gente própria no curso da gestão pública.
E se havia quem pensasse que a gente iria pactuar com a prática persecutória ou cúmplice, oriunda de agentes de governo de todos os partidos políticos ali alçados à condição de coligação para governar o município, bem como da sociedade vigilante, o que a gente perseguia mesmo era a busca da consciência coletiva sobre os disparates entre o discurso e a prática e o compromisso para com a história do presente e do futuro.
Se se integra um partido político da base de um governo e esse partido se divide com vista ao projeto político que comanda o governo, determinado pelo voto da eleição que o consagrou socialmente, das opções, uma. Ou se acompanha claramente a parte que mantém o apoio ao governo. Ou desse governo se aparta, por força da perda de identificação com ele. Ou se ainda assim nele se mantém que calada fique a boca e o direito de proclamar internamente apoio ao projeto outro, com base numa idéia irrefletida de compromisso partidário em um país de partidos políticos cada vez mais inconsistentes ideologicamente.
Ocorre que a falta de oportunidades e de perspectiva empregatícia no estado da Paraíba é tão alta que muitos bons profissionais técnicos terminam por não encontrar ambiente no mercado de trabalho, seja também pelo enorme desequilíbrio entre a oferta de recursos humanos egressos das unidades de ensino técnico e superior, seja pelas poucas chances de concursos públicos.
E assim acentuada fica uma carência na visão formal de ensino, residente na falta de formação empreendedora de que tanto se ressente o ensino profissionalizante. Formações profissionais que não encaram o desafio de participar do mercado do lado da roda que gira a renda e gera empregos, terminando por profissionalizar pessoas em busca de empregos e sem visão do futuro, de cidadania pró-umbigo e sem condição de participação ativa na própria história.
Impera assim a visão dos oportunistas sobre a cadeia de benefícios que se assoma através da gestão pública, deteriorando e atrasando ainda mais o processo de erradicação da miséria e da ignorância das populações mantidas estrategicamente nessa condição, abaixo de níveis aceitáveis de clareza sobre a realidade.
Na cabeça mora um ideário de gestão pública em que a base da inserção na estrutura administrativa é formada por competência e capacidade de resolução de problemas em um sistema eficiente de concurso público e através de um esforço desmesurado em praticação democrática. Urge superar o atraso mental e os níveis prevalentes de esclarecimento e consciência social do estado da Paraíba e do Brasil.
João Pessoa já palmilha esse caminho. A Paraíba está já chegando lá, ainda que circunstâncias civis momentâneas apontem perspectivas de prorrogação da desordenação pública vigente, pautada estrategicamente em relações de conchavos e contratos pré-estabelecidos, em benefício de si mesmas.
Essa questão, embora diretamente arrolada ao tema, é pano pra outra manga. Mas cabe reconhecê-la como aquela doença auto-imune que corrói gradativamente por dentro todo dia e a troco de qualquer coisa quatro anos mais.
Mas a Paraíba da gente quer saúde, educação, cultura e participação social de mulheres e homens! Novos pensamentos e indicadores no jornal racional.

Perspectivas de desenvolvimento sustentável pós-Cop-15

Perspectivas de desenvolvimento sustentável pós-Cop-15

Cuide bem da natureza
Ela é parte de você
Cuide bem da natureza
Que ela cuida de você
José Augusto e Paulo Sergio Valle

O conflito de avaliação sobre o saldo da reunião internacional do clima de 2009 em Copenhague (Dinamarca) derivou da grande expectativa que envolveu o evento sobre o acordo que adviria pós-Protocolo de Quioto, resultante da 3ª Conferência das Partes, realizada em 1997, no Japão. Realizações importantes iniciadas já há 15 anos(!) pelas Nações Unidas, que resultaram nas conferências anuais de monitoramento dos avanços ou retrocessos, instância suprema da convenção.

Sobretudo diante do tanto de impasses e resistências dos países ditos desenvolvidos e/ou em desenvolvimento ante as metas a definir entre as nações para a redução das emissões de gases poluentes sobre a atmosfera em suas estratégias de desenvolvimento.

Grande expectativa se mantém diante da necessária mitigação das conseqüências geradas pela era Bush, cuja recusa em participar das reuniões anteriores deixou rastros para o enfrentamento do problema para todo o mundo. E muita esperança se adiantou à postura de Barack Obama e a influência dos EUA sobre os resultados da Conferência.

No contexto da discussão mundial sobre as mudanças climáticas, o suporte global para um empenho internacional de adaptação à ordem do desenvolvimento sustentável impera porque se trata de problema para lembrar que o mundo é a gente e a gente é e o mundo.

Em recente coluna de Rozália Del Gáudio*, lê-se que a humanidade consome atualmente 30% a mais de recursos naturais que a capacidade de renovação da Terra. E que a ONU chamou atenção neste final de 2009 para um número de vítimas da fome além da marca de 1 bilhão. Informações que revelam um dos paradoxos mais constrangedores do mundo que é a existência de padrões de consumo acima de necessidades pessoais essenciais mediante carências assustadores, como a fome e a miséria, que não parecem diminuir e, pior, com o que a gente parece ter se acostumado a conviver.

A 5ª Reunião das Partes do Protocolo de Quioto, que se deu paralela à COP-15 definiu metas aquém do que se esperava, sobretudo para os países ditos ricos, para o segundo período de compromisso do tratado, de 2013 a 2017. Embora, até 2012, os países desenvolvidos signatários do Protocolo devam buscar reduzir de maneira significativa suas emissões de carbono na atmosfera, contribuindo para atenuar o perigoso aumento da temperatura do planeta.

O Brasil vem desenvolvendo importante protagonismo na dentro do bloco das nações em desenvolvimento, em que pese ainda a carência de visão de suas principais lideranças públicas e privadas. E isso tem repercutido na agenda climática, levando-o à representação inclusive dos países pobres.

Para a glória nacional, foi, por exemplo, o primeiro País a assinar a Convenção do Clima, desde a criação das conferências internacionais. E destacou-se também através de negociadores brasileiros na criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), desenvolvido a partir de proposta da terra Brasilis.

Para manter essa posição de liderança no cenário internacional, o governo brasileiro precisa mostrar seu comprometimento com as políticas internas, para além dos resultados da COP-15. No campo das ações domésticas, apesar de todas as dificuldades, o Brasil já mostra ao mundo e pode mostrar muito mais que é possível buscar conciliar desenvolvimento com preservação ambiental, especialmente no que diz respeito ao combate ao desmatamento.

O combate ao desmatamento do governo federal, em ações integradas com estados e municípios, revela que o seu comprometimento com a redução das emissões de carbono na atmosfera está gerando resultados positivos. O país chegou a surpreender positivamente a comunidade internacional, ano passado, quando apresentou seu Plano Nacional sobre Mudanças do Clima. E nesta COP-15, outro anúncio elevou o prestígio brasileiro: a aprovação do Fundo do Clima para a política nacional.

Fundo que vai movimentar recursos para financiar ações de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, com medidas de padrões ambientais e metas de redução e remoção de gases do efeito estufa, com recursos a instrumentos de controle. E a boa nova é a previsão de aplicação de critérios diferenciados em licitações públicas para favorecer produtos e serviços que signifiquem maior economia de energia, de água e de menor emissão de gases poluentes e o aumento de investimentos em energias renováveis.

Essas notas nos enchem de ânimo para fechar 2009 e pisar em 2010 focando o maior desafio para uma efetiva política de desenvolvimento sustentável. E o maior o enfrentamento ainda se vislumbra na resistente mentalidade de lideranças políticas, muito pouco dedicadas à informação e sobretudo à auto-educação para aderir à necessária mudança de paradigmas.

Mas o que mais falta, de verdade, é simples compreensão para toda a gente, e não somente a mais humilde, sobre essas relações significantes das consequências da Conferência das Partes para o futuro da vida no e do planeta.

A mudança de que a gente precisa passa, sem dúvida, pelo estabelecimento nas políticas públicas brasileiras de um sistema estratégico de fundamento de valores essenciais: ética, técnica e saber. Relações que não podem esmorecer entre política partidária e gestão pública. E isso pode começar pela reinserção nas grades curriculares do Ensino Fundamental e Médio da disciplina Moral & Cívica.

Que em 2010 o Brasil seja mais exitoso na gestão pública! Que a gente decida e controle a qualidade do quadro das representações políticas!

2010 lá! Oxalá!