sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Oh, Deus, salve a Paraíba!

(Aos destinatários da mensagem "Ricardo Coutinho Consagra João Pessoa a Satanás" veiculada na internet, neste instante meus destinatários).

A condução dos destinos da Paraíba está por vir no próximo dia 31/10/2010 e ela depende de todos nós. Sabemos discenir que o significado do empenho individual para a definição do voto não está apenas na hora da urna; tanto que é patente a intenção do/da emissário/a desta comunicação no convencimento de outras pessoas a quem se esforça em fazer acreditar no que não é o melhor para nossa Paraíba.

Não sei se o endereço emitente corresponde a uma pessoa de bem que faz política com nome, identidade e cpf. Contudo é muito clara a sua "contribuição" no sentido do desvirtuamento do debate necessário sobre o desenvolvimento da Paraíba, no sentido de cacifar-se em nome de uma instituição paraibana de ensino superior, no sentido da maculação da imagem do ex-prefeito e candidato a governador da Paraíba Ricardo Vieira Coutinho.

A conjuntura do segundo turno do pleito eleitoral de 2010 na Paraíba, mais que nunca, exige lucidez e prudência na hora de votar e não puramente pautas subjetivas, que não deixam de ser importantes mas que devem ser balizados pelo emprego da razão e da ciência. Exige sobretudo de pessoas que tiveram acesso às universidades seu compromisso com o auto-esclarecimento e o esclarecimento alheio, no sentido de avaliações baseadas em história de vida dos candidatos ao governo e em indicadores do desenvolvimento ambiental, sócio-cultural e econômico da Paraíba nos últimos anos sob as suas respectivas gestões.

Lamentavelmente, vê-se que a mensagem abaixo se apóia em um nível de completa desinformação sobre a relação política e desenvolvimento; muito pobremente sobre as manifestações artísticas, suas relações com a história expressando leituras de realidades sociais contemporâneas; e, sobretudo, assentada em visões anacrônicas e herméticas sobre o direito de livre escolha religiosa do povo brasileiro, o que é assegurada constitucionalmente pela Carta Magna do país e a ser garantida por governos democráticos.

Como prefeito da capital da Paraíba, Ricardo Vieira Coutinho garantiu o direito de expressão e a benção da gestão municipal por todas as religiões, em respeito à multiplicidade de credos que representa a diversidade social, na defesa de rituais ecumênicos acolhedores da crença de todas as pessoas e não somente daquela que conforma o conforto pessoal do gestor eleito para representar e governar a sociedade. Nos edifícios municipais, lá ele encontrou, inclusive, espaços físicos destinados exclusivamente a cultos da religião católica; na qual se formou, por exemplo, a minha família.

Conheço e respeito muito várias pessoas na foto intitulada "Ricardo Coutinho num terreiro de macumba". Testemunhei várias solenidades oficiais da PMJP, cujas bençãos foram garantidas por padres, pastores, mestres espíritas, pais e mães de religiões de origem africana. Vi a sua convivência pacífica e ordeira em todos os atos oficiais que testemunhei e agradeci a meu Deus, a santa Mãe Natureza, pela graça dessa experiência pessoal.

Conheço também as obras que, finalmente, se avolumam nos espaços públicos da capital agregando valor à paisagem urbana pessoense, concretizadas por meio de editais públicos de seleção, de iniciativa da Prefeitura Municipal de João Pessoa na gestão de Ricardo Coutinho e continuada na gestão do atual prefeito arquiteto e professor de Arquitetura Luciano Agra.

Ajuizadas por corpo de representantes de instituições como a Universidade Federal da Paraíba, o Instituto de Arquitetos do Brasil na Paraíba - instituição cultural de organização dos arquitetos brasileiros com 89 anos de fundação cuja bandeira por concursos públicos para obras públicas de arte e arquitetura faz história -, no ato representado pelo arquiteto e professor Marco Suassuna, a Fundação Cultural de João Pessoa, representanda pela educadora Fernanda Svendsen, a Secretaria de Planejamento da PMJP, representada pelo arquiteto e artista plástico Sóter Carreiro, e dois representantes da arte e da cultura contemporânea: o escritor e ator Waldemar Solha e o artista plástico Flávio Tavares.

Questionável, portanto, o juízo oficial que escolheu as obras dos artistas paraibanos? É o que garante a democracia brasileira. É defensável e valiosa a livre manifestação sobre as realizações públicas. Mais ainda quando carregadas de intenções que apostem no confronto de ideias que alimentem a sociedade com debates saudáveis, não respaldados por conceitos que se antecipam ao esclarecimento e apostam em visões reducionistas da diversa realidade social, buscando senão outra coisa que macular a boa fé de nossa gente.

Imagino que também a FACISA - Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento - de Campina Grande, e não somente o candidato ao Governo da Paraíba, Ricardo Coutinho, experiente gestor público representante da coligação "Por uma nova Paraíba", maestro de uma grande guinada na mentalidade política dos paraibanos, esteja igualmente sendo vítima de opiniões públicas descréditas que lutam contra o desenvolvimento da civilidade na Paraíba, contra a conquista de gestões públicas democráticas e participativas e contra a urgente reforma do sistema político-eleitoral do Brasil.

Talvez estejamos imersos em uma crise brasileira sem precedentes, eventual rescaldo de nossa adolescente experiência democrática pós-obscuridade dos anos de chumbo de que egressou a história social brasileira há 22 anos: a crise da recusa ao pensamento ativo, a crise do embotamento da lógica racional, a crise do engessamento mental da atitude de parte da sociedade brasileira.

É para construir o desenvolvimento coletivo que as profissões foram e são inventadas pela sociedade. Não simplesmente para atingir-se as metas de um curso de nível superior, na maioria das vezes custeado por dinheiro público, um casamento, uma família e viver "felizes para sempre", e alienados do papel social que compete a cada pessoa, privilegiadamente esclarecida pelo acesso a estudo e a informação, o que tanto compromete a erradicação da miséria em que vive parte da humanidade.

Felizmente, o primeiro turno das eleições paraibanas já demonstrou que há uma maioria social na Paraíba que deseja mudança!

E é essa maioria que luta pelo desenvolvimento de nossas instituições públicas, que luta em defesa da civilidade presente, que luta pela conquista de gestões democráticas e participativas, que luta pela urgente reforma do sistema político-eleitoral do Brasil que precisa vigorar no segundo turno da eleições na Paraíba!

Oxalá, com a fé e a benção de todas as religiões!

Rossana Honorato
Arquiteta e professora de Arquitetura da UFPB

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De: Arquitetos Campina Grande
Assunto: FW: VAMOS SABER VOTAR PESSOAL!!!!! GRANDES ARQUITETOS

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From: facisa_arquitetura@hotmail.com
Date: Fri, 8 Oct 2010 21:10:08 +0300
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Ricardo Coutinho Consagra João Pessoa a Satanás

Já dizia Maquiavel que cada povo tem o governo que merece, no sistema democrático. Contudo, não acredito que a Paraíba possa merecer ter a frente do seu Governo um...